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SBC Forum (Sociedade Brasileira de Cuteleiros) Everything about Brazilian custom knives and knifemakers - this is the official forum for the "Sociedade Brasileira de Cuteleiros". "O forum oficial da Sociedade Brasileira De Cuteleiros - tudo sobre o mundo da Cutelaria Artesanal no Brasil!"

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  #1  
Old 03-02-2007, 04:02 PM
Afonso's Avatar
Afonso Afonso is offline
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Inox 420

Boa tarde

Tenho algumas d?vidas quanto ao inox 420.

1) Li que n?o ? f?cil forjar inox. Gostaria de saber por que?
2) Se eu temperar o 420 com agua, terei um melhor resultado quanto a dureza que temperando com ?leo?

Agrade?o a paci?ncia dos amigos

Grande abra?o

Afonso
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  #2  
Old 03-02-2007, 04:26 PM
Ferrari Ferrari is offline
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Afonso, 420 n?o ? meu forte, mas vamos l?.

1 - D? pra forjar 420, mas ? um a?o que precisa respeitar muito a faixa de temperatura de forjamento, portanto ? muito f?cil vc estragar a barra.

2- Eu n?o temperaria 420 na ?gua. A ?gua tem 5 vezes mais velocidade de resfriamento que o ?leo. Al?m disso o 420 tempera at? no ar! Ele n?o precisa de um choque muito violento para endurecer, se ? que se pode chamar 54RC de dureza... Na d?vida d? uma olhada nas tabelas e gr?ficos do a?o.
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  #3  
Old 03-02-2007, 04:50 PM
Afonso's Avatar
Afonso Afonso is offline
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Ferrari

Pensei que o 420 e o 440 tivessem uma t?mpera complicada por causa da segunda etapa com nitrog?nio l?quido. Se essa medida de dureza que vc colocou for a mesma que as facas de inox da Tramontina, est? de bom tamanho.

Obrigado

Afonso
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  #4  
Old 03-02-2007, 09:34 PM
Norio Sato Norio Sato is offline
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Essa hist?ria de nitrog?nio l?quido, ? conversa p/ impressionar leigo...
A temperatura que se necessita p/ o tratamento subzero n?o precisa ser t?o baixa. As industrias que usam o processo usam freezers industriais...
O Inox ? complicado de temperar porque precisa ser aquecido por um tempo relativamente longo, em faixas de temperatura estreitas. Um controle que n?o se consegue em forja a g?s, muito menos em forja a carv?o.
Quem trabalha muito c/ inox, ou manda as pe?as p/ serem tratadas termicamente em empresas especializadas, ou tem forno c/ controle eletronico/eletrico de temperatura...
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  #5  
Old 03-03-2007, 06:20 AM
cabete's Avatar
cabete cabete is offline
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Discordando ...

Prezado Norio,
Tenho que discordar de voc? pois em primeiro lugar o tratamento sub zero em Nitrog?nio l?quido ? important?ssimo seja nos inox seja em materiais como o 52100 se estiver dispon?vel ao cuteleiro pois melhora absurdamente a qualidade do a?o para a afia??o e a reten??o do fio.
O que ocorre ? que muitas vezes procura-se um tratamento alternativo pela dificuldade ou custo do Nitrog?nio l?quido.
Ao fazermos a t?mpera de tais a?os quanto mais baixa a temperatura maior ser? a transforma??o e melhor o resultado assim se o cuteleiro parava na temperatura ambiente e passa a parar no freezer dom?stico de -18 graus ele j? melhorou um pouco. Realmente algumas industrias v?o ao freezer industrial de - 32 graus que j? ? melhor que a temperatura ambiente de + 25 graus. Tamb?m usa-se o g?lo s?co que leva a pe?a ? - 60 graus e neste caso coloca-se acetona que n?o congela a esta temperatura e abaixa-se a temperatura dela com o g?lo s?co e existe o tratamento sub-zero top de linha que ? com o Nitrog?nio l?quido ? - 196 graus Celsius.
O Nitrog?nio n?o sai muito caro se o cuteleiro tiver v?rias pe?as ? tratar e diluir o custo mas fica caro se for para uma s? pe?a pois o botij?o fica por volta de uns R$ 80,00 aqui na nossa regi?o.
O Gen?sio de Bem tinha uma t?tica ?tima. Temperava as pe?as logo cedo no dia em que o caminh?o do Nitrog?nio passava. Quando ele chegava ele colocava as pe?as em um isopor despejava o nitrog?gio e ap?s estabilizar a temperatura devolvia o nitrog?nio no botij?o e dava uma gorjeta ao motorista do caminh?o pelo uso do nitrog?nio.

Existem m?todos de t?mpera do inox em forja que funcionam muito bem na pr?tica. Um d?les usado por cuteleiros americanos e j? amplamente testado e aprovado por mim ? o de aquecer a pe?a ao vermelho escuro, sempre movimentando-a, retirar a pe?a da forja e deixar perder a cor avermelhada, voltar ? forja e sempre movimentando-a levar at? a cor amarelada retirando e colocando no ?leo hidr?ulico ou pr?prio para t?mpera imediatamente tomando cuidado para n?o realizar movimentos laterais com a l?mina dentro do ?leo.

J? fiz muitas facas do inox 420 para uso na cozinha e acho que o custo benef?cio ? excelente. S? resta lembrar que existem dois tipos de inox 420, um com menor teor de carbono e outro com maior teor.

Facas de 420 bem temperadas suportam trabalhar at? uns 90 dias na cozinha sem necessitar reafia??o o que acho um bom tempo de uso.

Alguns cuteleiros n?o revinem o 420 para deix?-lo mais duro. N?o recomendo este procedimento pois pode ficar quebradi?o mas basta fazer um ou dois revenimentos ? 200 graus que j? alivia as tens?es


__________________
Marcos Soares Ramos Cabete
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  #6  
Old 03-03-2007, 06:36 AM
Afonso's Avatar
Afonso Afonso is offline
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Obrigado aos dois Norio e Cabete, como sou novo no assunto, leio, tiro a m?dia e depois tiro minhas conclus?es.

abra?os

Afonso
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  #7  
Old 03-03-2007, 08:30 AM
Carlos Goulart's Avatar
Carlos Goulart Carlos Goulart is offline
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Exclamation Discordando tamb

Prezado mestre Cabete,

Permita-me discordar um pouco de vossa opini?o. Isto porque tamb?m j? me aventurei pelo Inox, que ali?s gosto muito.
A t?cnica descrita por voc?, em seu post, n?o se trata de uma t?mpera verdadeira e sim de uma carboneta??o do cromo contido no inox, que endurece a l?mina.
O Inox ? um a?o com propriedades bem diferentes dos a?o-carbono.
Para que todos possam entender, permitam-me um post bem longo....

Pe?o paciencia para lerem at? o final... tenho certez que muitas "lendas" ser?o desvendadas...

Vamos l?....

Os inox martens?ticos s?o assim chamados porque possuem de 0,1 a 0,4% de carbono (ou ocasionalmente mais, na s?rie 440, podendo chegar a 1,2%) o que lhes confere a capacidade de formar com o ferro, a estrutura molecular denominada Martensita e assim adquirem capacidade de endurecimento por t?mpera como qualquer a?o comum (resguardadas as devidas propor??es de carbono, o que implica em maior ou menor quantidade de martensita na liga).
Este tipo de inox possui de 12 a 16% de cromo. Como em todo Inox, o cromo contido neste a?o reage com oxig?nio do ar formando uma fina camada superficial de ?xido de cromo. Esta camada n?o ? porosa e portanto impede que a superf?cie do a?o entre em contato com a atmosfera, evitando a ferrugem. Esta camada ? denominada Camada Passiva.
Entretanto, este mesmo cromo, tende a reagir como o carbono, demovendo o carbono do ferro (carbonetos de cromo). E isto tende a desestabilizar a estrutura martens?tica devolvendo-a ? forma austen?tica.
Por outro lado, o carboneto de cromo ? um composto muito duro o que eleva a dureza da liga, mesmo n?o temperada.
Uma grande quantidade de carboneto de cromo pode ser conseguida se elevarmos a temperatura do inox ao revenimento (ou mesmo abaixo disto) e esfriarmos repetidas vezes. Este procedimento precipita o carbono do cristal martens?tico (ou ferr?tico se este ainda n?o foi temperado). Quanto maior o teor de carbono, maior a quantidade de carbonetos de cromo precipitados de forma fina e dispersa na matriz martens?tica ou ferr?tica, ap?s estes ?revenimentos?. Este a?o ficaria portanto mais duro, com maior resist?ncia ao desgaste.
POR?M ESTE PROCEDIMENTO N?O DEVE SER CONFUNDIDO COM T?MPERA. Alem disto, a precipita??o de carbonetos de cromo diminuiria a quantidade de cromo em solu??o s?lida, o que enfraquece a pel?cula da camada passiva e aumenta a taxa de corros?o.

Por isto, no Inox Martens?tico, o teor de cromo deve ser mais baixo que no inox austen?tico, reduzindo assim a precipita??o do cromo ao carbono.
Isto se comprova com a aproxima??o de um Im?. O Inox martens?tico ? magn?tico e o austen?tico n?o.
No tratamento t?rmico de t?mpera do Inox martens?tico, o calor devolve o carbono para a liga de ferro e o choque t?rmico estabiliza a martensita. Mas esta estabiliza??o da martensita ? que ? o X da quest?o.
O tratamento de t?mpera, n?o ? diferente dos demais a?os, justamente porqu? ele ? um a?o martens?tico como qualquer outro.
Para t?mpera verdadeira, adota-se seguine receita:

o O inox martens?tico deve ser austenitizado entre 970 e 1050?C (usualmente 1025?C); com resfriamento em ?leo (40 a 60?C).
Da? t?m ?se a forma??o da martensita e o a?o endurece e se torna ainda mais inoxid?vel (pois parte do cromo deixa o carbono e este cromo pode formar mais camada passiva).

No entanto, logo ap?s o resfriamento em ?leo, o cromo da liga interna do metal ainda det?m energia cin?tica suficiente para arrancar uma parcela do carbono da martensita formada, desfazendo pelo menos um pouco, a dureza deste a?o rec?m temperado.
Para evitar esta redu??o da martensita pelo cromo logo ap?s a t?mpera, ? necess?rio abaixar a energia cin?tica destas mol?culas ainda inst?veis. A melhor forma de obter este efeito ? atrav?s da manipula??o de temperaturas, neste caso, o frio intenso.
Este ? o objetivo de promover um banho a uma temperatura bem gelada, logo ap?s o resfriamento da pe?a em ?leo a + 50C?.
? o tal ?sub-zero? ou processo criog?nico. O frio reduz a energia cin?tica residual dos ?tomos do cromo evitando que este reaja com o carbono da mol?cula de martensita. O tempo de exposi??o ao frio tamb?m permite tempo para que os cristais de martensita se tornem mais est?veis.

Agora, vamos a algumas discuss?es (antes vou expor dados):

Dados:

Para todo a?o temperado, inox ou n?o, a dureza deve ser determinada pela quantidade de cristais de martensita formada pelo processo de t?mpera.
A quantidade de martensita a ser formada ? diretamente proporcional ao teor de carbono presente na liga. Ou seja: Mais carbono = mais martensita = mais dureza (existe um limite.... mas ? outra hist?ria...).
Entendendo esta rela??o, fica f?cil entender porqu? que o 5160 (0,6% Carbono) nunca poder? atingir o grau m?ximo de dureza que um 52100 (1,0% C) pode alcan?ar.
Segundo minhas pesquisas, o 440C ( +- 0,95%C), quando bem temperado e revenida, pode atingir at? 55-58 HRC de dureza. O 5160 pode atingir cerca de 56-59 HRC e o 52100, cerca de 60-62.
Nota-se que o 440C, mesmo tendo teor de carbono maior que o 5160, perde pelo menos um pouco de martensita para o cromo (carboneto de cromo).
Uma liga 440C n?o temperada, mas revenida para precipitar o carboneto como forma de endurecimento, pode atingir dureza de 52 -54 HRC !
O mesmo vale para o 420 e at? mesmo para o 416, com dureza entre 48- 52 HRC !!, n?o pela martensita mas sim pelo carboneto de cromo!!

Estas informa??es nos trazem algumas considera??es pr?ticas para cutelaria, portanto agora, vamos a algumas discuss?es:

1. Dissociar afia??o de dureza ? todas estas durezas ? de 48 a 62 ? s?o igualmente afi?veis e produzem fios de igual poder de corte, desde que a t?cnica e geometria do fio sejam a mesma.
A dureza n?o influencia na capacidade de afia??o e sim na capacidade de dura??o (reten??o) deste fio. O a?o mais ?macio? vai se deformar mais f?cil e assim, alterar a geometria e a superf?cie do fio, alterando o poder de corte.

a. Conclus?o: os 420, 440C, 5160 e o 52100 t?m o mesmo potencial de corte, mas a reten??o do poder de corte em um a?o 52100 ? indiscutivelmente maior que o do 5160 e do 440C.


2. Os a?os inox martens?ticos podem ser temperados sem muito mist?rio, levando-se em conta a necessidade de temperaturas sub-zero para estabilizar a martensita logo ap?s a t?mpera.

3. O revenimento deste a?o deve ser avaliado com cuidado em fun??o de duas perguntas:
a. ? necess?rio revenir um a?o de dureza 55HRC?
Nesta dureza, a propor??o de martensita (n?o t?o elevada) na liga ainda garante boa tenacidade. Na minha opini?o dispensando o revenimento.
b. Temos colegas cuteleiros DEStemperando a?o inox em revenimentos emp?ricos mas que acabam mantendo boa dureza devido ? forma??o de carbonetos...
Podem ser aqueles colegas que alegam que o Inox Martens?ticos pegam dureza, razo?vel (50-52 ? dureza dos carbonetos) mas oxidam mais que os demais inox austen?ticos...
4. O teste da t?mpera para o a?o 420 n?o deveriam ser o teste da lima, pois as boas limas costumam ter dureza em torno de 58 HRC (maior at? que a dureza do 440C) portanto ela vai ?pegar? neste a?o, mesmo que ele tenha sido muito bem temperado.
Enfim... espero ter contribuido.
Desculpa pelo tamanho da mensagem
Carlos Goulart
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  #8  
Old 03-03-2007, 10:17 AM
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Excelente seu texto Carlos, deu pra esclarecer muito bem minhas d?vidas.

Obrigado por partilhar suas pesquisas

grande abra?o

Afonso
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  #9  
Old 03-03-2007, 12:59 PM
cabete's Avatar
cabete cabete is offline
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Discordando do discordante ...

Prezado Carlos,

N?o tenho forma??o em metalurgia no entanto tenho lido v?rios livros do assunto por hobby e ? a primeira vez que vejo a abordagem sobre o sub zero deste ponto de vista em especial quanto a esfriar o a?o para retirar energia cin?tica ( ! ) o que ? claro que ocorre mas n?o me parece ser o prop?sito do sub-zero que vem sendo estudado e descrito pelos mestres em metalurgia que escreveram os livros que j? l? como o atual?ssimo A?os e Ligas Especiais que o Emilcio noticiou dias atr?s e imediatamente comprei e estou lendo bem como o mais antigo mas igualmente muito conceituado Chiaverini.
O primeiro aquecimento que se faz no inox, por volta de uns 800 graus ? para provocar o que chamamos de "encharcamento" da pe?a pelo calor. No segundo aquecimento subsequente ao primeiro e enquanto a pe?a ainda est? quente fazemos com que a temperatura seja homog?nea, este ? apenas um artif?cio para imitar o que ocorre no f?rno que tem aquecimento homog?neo diferentemente de uma forja.
Vossa interpreta??o do que tenho feito e muitos outros cuteleiros talvez seja fruto de t?-la feito sem ver ao vivo como funciona uma t?mpera em forja de um moderno a?o, ? algo realmente dif?cil de se aceitar quando n?o se viu de perto e ? cores.
Como n?o sou especialista neste assunto de metalurgia, sou apenas um sedento curioso, deixo-lhes um trabalho sobre sub zero, escrito por um metalurgista que trabalha ou trabalhou na Brasimet que para quem conhece ? uma emorme e conceituad?ssima empresa de tratamentos t?rmicos de S?o Paulo.
Este trabalho est? em meu disco virtual no formato PDF e tem apenas 7 paginas com gr?ficos e tabelas explicativas.
Coloquei-o no Terra.
Entre em www.terra.com.br , procure no canto esquerdo inferior pelo "disco virtual" entre com o nome "brascopp" e a senha "102030" baixe o arquivo ou abra-o e leia-o. Que cada um tire suas conclus?es. Atente para o detalhe que o engenheiro que escreveu o artigo cita toda a bibliografia que pesquisou para escrev?-lo e portanto ? bastante cient?fico.
Temos aqui pelo forum o Emilcio que trabalha no laborat?rio de metalurgia da UNICAMP, o engenheiro Arnaldo que ? metalurgista e professor da mat?ria em Sorocaba e creio que tamb?m tenhamos outros especialistas. Se for poss?vel pediria que mais algu?m se manifestasse sobre o assunto pois a interpreta??o do Carlos Goulart soou-me muito estranha e diferente de tudo que j? havia visto sobre o assunto o que pode demonstrar-me que tenho lido os livros errados e devo mudar o rumo de minhas leituras.
Agrade?o a todos a oportunidade de ampliar meus conhecimentos.


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Marcos Soares Ramos Cabete
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  #10  
Old 03-03-2007, 03:42 PM
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Discuss?es produtivas

Grande Mestre Cabete,

Sabes que lhe considero muito. Tais informa??es que postei acima s?o resultado de muitas pesquisas, inclusive nos txts e livros citados por voc?. Se reveres estes txts ver?s que em linguagem muito mais t?cnica, o que se depura ? basicamente isto. Talvez seja alguma interpreta??o equivocada que lhe desviou deste entendimento. Eu tamb?m achei muito dif?cil, por n?o ser engenheiro metal?rgico, assimilar tais conceitos. Foi por isto que recorri ? experts, dentre eles o prof. PhD. Jorge Avellar, (meu primo) que por muito tempo trabalho na CSN e posteriormente foi o respons?vel pelos inox da Acesita. Ele que ? focado justamente neste assunto, quem me ajudou na "digest?o dos txts t?cnicos e a chegar ?s conclus?es que postei. Se voc? prestar bastante aten??o nas breves explica??es que postei, ver?s que existe uma coer?ncia absolutamente l?gica e elucidativa. Mais que isto, torna simples o que muitos tratam com "ares de mist?rio"... "verdades" que representam verdadeiros dogmas na cutelaria.
S?bio que ?s, sabe quanto ? complicado desmitificar qualquer dogma...
mas o objetivo ? este mesmo, criar discuss?o produtiva, de forma a depurar as informa??es mais precisamente.
Gostaria tamb?m que os colegas citados pelo mestre Cabete participassem, nos ajudando a encontrar de fato, os fatos.
Finalmente, companheiro Cabete, n?o tenho a menor preten??o de caracterizar suas literaturas nem muito menos vossa experiencia. Muito que que sei hoje, partiu de voc?. S? que tamb?m me permito contribuir um "bucadim", pois mesmo tendo BEM MENOS experiencia que vc, acho que de repente tamb?m posso lhe passar algo, afinal, os verdadeiros mestres s?o aqueles que, al?m da h?bil capacidade de ensinar, tamb?m est?o sempre dispostos a aprender (tenho certeza que vc est? neste rol).
N?o Joge fora seus livros, por favor... mas se quiser esvaziar um bocado suas prateleiras, manda eles pra mim
Abra??o
Carlos
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  #11  
Old 03-03-2007, 09:39 PM
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Carlos Goulart Carlos Goulart is offline
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Buscando o entendimento

Grande mestre Cabete,

Convido vc e os demais colegas a acompanhar um racioc?nio para esclarecer acerca da t?mpera do Inox:

O a?o n?o temperado apresenta dois sistemas cristalinos b?sicas: a Ferrita (estrutura c?bica de corpo centrado ? CCC) e Cementita, que ? na verdade, um carboneto ((Fe3C)4).
A cementita forma l?minas de elevada dureza entre a ferrita (sistema denominado Perlita) mas de baixa tenacidade, por isto, n?o pode assumir propor??es elevadas (o caso do ferro fundido.)

O sistema ferrita ? composto por ?tomos de ferro t?o juntos no modelo CCC que n?o admite o carbono.

O processo de t?mpera representa a forma??o do sistema cristalino denominado martensita, a partir da ferrita e da cementita.

Para isto, precisamos elevar temperatura do a?o para acima de cerca de 800?C (temp. Cr?tica). Antes disto, na temperatura sub cr?tica, (cerca de 700?C) toda cementita j? se desfez, liberando o carbono do ferro. Acima da temp. Cr?tica a ferrita modifica sua estrutura cristalina CCC para a forma c?bica de face centrada (CFC) denominada Austenita.

Na forma CFC, o cristal n?o ? compacto como na forma CCC. Nesta configura??o, o carbono, agora livre, ? capaz de penetrar dentro dos espa?os do sistema cristalino.

Lembrem-se, na temperatura acima da zona cr?tica (mais que 800?C) a energia cin?tica ? elevada, por isto os ?tomos se afastam e se movem.

Agora, para finalizar a T?mpera, fazemos a brusca redu??o da temp. Desta forma, a estrutura CFC se contrai rapidamente, impedindo que o carbono saia e torne ? forma do carboneto (cementita). A resultante desta contra??o, ? um CCC mas ao inv?s de um ferro centrado, prendemos agora um carbono. Isto ? a martensita.

Portanto, n?o se forma martensita, sem atingir a temperatura de austenitiza??o.

Desta forma, se n?o atingires esta temperatura (f?cil de ser aferida, pois a liga se torna paramagn?tica) n?o est?s temperando. A cor do metal na forja N?O ? a melhor maneira de verificar o momento da t?mpera. A cor rubi escuro que citaste pode ser ainda baixo de 800?C.... Se for, n?o est? temperando.

O que descrevo acima ? absolutamente l?gico e est? contido em qualquer literatura de metalurgia.

No caso do Inox, esta temperatura chamada sub-cr?tica proporciona energia cin?tica suficiente para expor a carbono (dissolvido da cementita) ao cromo que tem grande afindade com o ferro, que resultar? em um composto mais duro que cementita e de gr?os um pouco mais finos, o carboneto de cromo.

Portanto, o metal endurece, n?o pela martensita mas pelo carboneto.

Bem... espero ter ajudado no racioc?nio.
Carlos
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  #12  
Old 03-04-2007, 05:02 AM
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cabete cabete is offline
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Continuando ...

Carlos,
Pelo seu ?ltimo texto, em especial quando cita: "A cor rubi escuro que citaste pode ser ainda baixo de 800?C.... Se for, n?o est? temperando." confirmo que n?o entendeu claramente o m?todo utilizado para a t?mpera do inox em forja.
S? para deixar registrado este m?todo n?o ? de minha autoria. L? sobre ele no "The Hand Forged Knife" de Karl Schroen que ? um engenheiro metalurgista e tamb?m ? forjador, sendo a quarta gera??o de forjadores na fam?lia d?le e se dedicou muito a adaptar m?todos de se trabalhar com os a?os modernos nas antigas t?cnicas de forja.
Pois bem, o processo consiste em aquecer-se da forma mais homog?nea poss?vel ( da? a movimenta??o constante da l?mina ) at? a c?r normalmente utilizada para a t?mpera do a?o carbono e portanto acima da temperatura cr?tica. Como a t?mpera do inox ser? feita por volta de 1.040 graus nesta primeira etapa retira-se a l?mina da forja por um ou dois minutos com isto ela perde um pouco de calor mas a temperatura mais alta nos pontos mais finos como o gume da lamina ? dissipada para os pontos de menor temperatura como o dorso da l?mina havendo a? uma "equaliza??o" da temperatura, uma homogeneidade, ent?o volta-se a l?mina e prossegue-se o aquecimento, o que se percebe neste momento ? que a l?mina "se acende" por inteiro, sem pontos mais escuros e outros mais claros, ficando bem com a apar?ncia de l?minas aquecidas em f?rnos, com a temperatura homog?nea em toda a superf?cie.
Eleva-se ent?o a temperatura at? 1040 graus ou pouco acima disto que ? quando a l?mina fica com uma c?r amarelada com certa transpar?ncia ( ? claro que a identifica??o da c?r requer experi?ncia do cuteleiro e ambiente com luminosidade controlada ) ao atingir a temperatura de t?mpera procede-se ao choque t?rmico.
O m?todo ? simples e genial pois nos possibilita fazer na forja com muita qualidade aquilo que normalmente exigiria um aspirador de energia el?trica muito caro e dispendioso que ? um f?rno com temperatura controlada. O meu f?rno passei pra frente depois que acostumei-me com este m?todo e o dominei com seguran?a. O resultado a gente mede na pr?pria l?mina, na pr?tica, e v? que realmente funciona.


__________________
Marcos Soares Ramos Cabete
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  #13  
Old 03-04-2007, 05:19 AM
cintiafalk cintiafalk is offline
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oi pessoal


primeiro vamos agradecer a todos os colegas que postaram, a informa??o aqui est? de primeira e como tenho interesse tamb?m no a?o inox estou aprendendo bastante, mas infelizmente n?o tenho conhecimento para opinar.
Ainda assim, concordarei com o carlos num ponto, eu sou um colega que destemperou o a?o inox, pq quando fiz as minhas experiencias, eu n?o dei a menor bola para o tratamento t?rmico pq estava peocupada com outros aspectos do trabalho, ent?o eu cozinhei esse a?os por horas em fogo baixo, eles atingiram quase todas as cores poss?veis do arco-iris, mas quase todos os inox que trabalhei atra?ram o im?, apesar das diversas procedencias e pre?os, e como disse nem liguei para a quest?o t?rmica, ...bem, depois de acabados os trabalhos, fui testar uma das facas, que n?o tenho a menor id?ia do que aconteceu termicamente, creio que um tisunami, bom ela est? na cozinha, eu uso com frequencia e o corte me parece normal.
farei coro com a carlos para que os colegas que o cabete citou que conhecem mais do assunto nos auxiliem.
sauda??es
cintiafalk
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  #14  
Old 03-04-2007, 05:16 PM
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Carlos Goulart Carlos Goulart is offline
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? isso a

Grande Cabete,

? isso mesmo, o que vc descreveu neste ultimo post. Agora eu compreendi. ? que mais acima a impres?o que fiquei, lendo seu txt ? que vc trabalhava na zona sub cr?tica.
A t?cnica que vc descreveu agora, de maneira mais detalhada, est? corret?ssima.
? assim que os mestres que j? passaram aqui nos cursos da UNB tamb?m nos ensinaram e deixa a L?mina por inteiro temperada.

Mas o interessante ? ressaltar que, nocaso do Inox, temos duas op??es para endurecimento da L?mina. A t?mpera verdadeira e a carboneta??o do cromo.

No caso do 420, as duas t?cnicas produzem resultado semelhante, uma vez que o 420, n?o atinge dureza muito elevada pela t?mpera verdadeira.

A diferen?a ? que a L?mina endurecida pela forma??o do carboneto de cromo, torna-se um pouco mais oxid?vel que a t?mperada, mas ainda assim muito muito muito menos oxidavel que um a?o-carbono.

Tenho uns papers de um mestrado de um orientedo do Jorge (meu primo) justamente sobre isto.

? isso.
Abra?os a todos
Abra??o o Cabete.

Por isto, o Inox
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  #15  
Old 03-04-2007, 05:30 PM
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Carlos Goulart Carlos Goulart is offline
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Cor do a

S? pra arrematar
Como bem disse o mestre Cabete, temperar o a?o por observa??o da temperatura, exige experi?ncia, pois a cor visualizada depende das condi??es de ilumina??o no ambiente de trabalho.
O ideal seria ter um term?metro, mas n?o conhe?o nenhum cuteleiro que o tem...
mas o mais pr?tico ? aproximar um im? na l?mina quecida.
A configura??o CFC da austenita (que surge em temperaturas acima da zona cr?tica) ? paramagn?tica (da? a l?mina passa a n?o ser atraida pelo im?).

Ou seja. se a l?mina est? aquecida num ponto em que ela n?o atrai mais o im?, podemos fazer o choque t?rmico.
Carlos
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